Capitulo
1 – Quando tudo mudou
“Foi encontrado
mais um corpo, vítima de assassinato, mais informações dadas pela polícia, nos
permitem revelar que ele foi encontrado com a garganta cortada, e também teve o
seu sangue drenado. É o quinto corpo encontrado desde o começo do ano... é com
vocês ai no estúdio.”
-Nossa qual será o mistério
por trás desses assassinatos?
-Não sei filha, no mínimo
deve ser mais um psicopata que nem da ultima vez em que crimes assim começaram
a acontecer na cidade... Tome cuidado quando for pra escola amanhã, não quer
acabar morta no primeiro dia de aula – Falou a mãe em um tom nada protetor.
-Valeu mãe, pela sua
preocupação - A ironia estava mais que presente em sua voz- Mas acho que já vou
me deitar.
Alice subiu as escadas e entrou no quarto,
desde que as férias começaram, lembrara, passava a maior parte do tempo lá,
talvez pela ausência de amigos, ou por ela mesma não conseguir se aproximar de
outras pessoas sem assusta-las com seus assuntos incompreensíveis, ou
simplesmente por não gostar muito das pessoas, preferia seus livros, suas
músicas, seus animes, e seus jogos online. Não podia conversar com eles, expor
seus problemas, segredos, ou frustrações, ela sabia, mas era bem mais
interessante que o mundo real.
Quando entrou no quarto com paredes
pintadas de preto, cheias de pôsteres de seus animes e bandas preferidas,
percebeu que estava uma zona. A guitarra vermelha logo acima da cama desfeita,
e várias roupas espalhadas em cima da mesma, e também pelo chão. Percebeu que havia
semanas desde a ultima vez em que arrumara o quarto, mesmo assim,
ziguezagueando entre as roupas e as demais coisas espalhadas pelo quarto, foi
até o computador e começou a jogar Forsaken.
Já eram mais de três da manhã quando decidiu
parar, afinal, teria apenas duas ou três horas de sono, até que acordasse para
ir ao colégio. Apenas colocou a guitarra no chão e afastou as roupas em cima da
cama para que pudesse se deitar. Agora, estava olhando para o teto com a
pintura da galáxia que ela mesma havia feito, apenas com dezesseis anos (sua
idade atual), já era muito boa quando o assunto era desenhar. E assim ficou,
até que seus olhos âmbar se fechassem, e enfim pegasse no sono.
Foi acordada pelo despertador azul bebê
que ficava na cabeceira da cama, o relógio marcava seis e meia da manhã.
Colocou uma calça jeans surrada, uma camiseta preta e um casaco. Penteou os
cabelos curtos e excessivamente pretos e cacheados. E então percebeu que não
havia tirado os óculos na hora em que foi dormir, mas felizmente não haviam
sofrido nenhum dano. Colocou os cadernos
e livros apressadamente na mochila e desceu para o café da manhã, bem a tempo
de ser avisada pela mãe, que não poderia ir pra escola apenas com as pantufas
de panda, então subiu novamente e pôs seus tênis.
- E então Alice, preparada
para o primeiro dia de aula? – Perguntou a mãe.
- Bom, se você quer dizer,
preparada para as mesmas aulas chatas de sempre, mais com as melhores notas no
final do bimestre, preparada para as mesmas zoações e brincadeiras sem graça,
ou para o fato de ninguém na escola saber ou não se de fato eu existo. Sim,
nunca estive tão preparada.
- Então tudo bem, se você
quer encarar o colégio desse jeito... Mais tome cuidado em como você trata as
pessoas, alguém ainda vai se magoar com o que você fala, ou, sei lá, seu jeito
de ser.
- OK mãe, muito obrigada
pelo conselho, mais eu acho que já vou indo, já são sete e quinze, e demora
cerca de cinco minutos pra chegar lá á pé.
- Tchau filha!
Alice abriu a porta de vidro e saiu, não
demoraria muito para que chegasse á escola, fazia esse trajeto todos os dias
antes das férias, mais infelizmente, percebeu que não chegaria ao seu destino.
Uma coisa saiu das sombras, e capturou-a. Depois disso, tudo o que se lembrava
, era de ter acordado com uma forte dor na nuca, e não saber exatamente onde
estava. O lugar era escuro, sem nenhum tipo de iluminação, ou brecha para que o
sol entrasse, não havia janelas ou portas, dai veio à pergunta á sua mente:
como teria sido levada até ali se não existia qualquer saída ou entrada? Não
queria se preocupar com isso, afinal, havia coisas muito maiores com quais se
preocupar, como iria sair dali? Como iria contatar a mãe ou a polícia para
informar o que estava acontecendo? Poderia estar correndo risco de vida. Foi
então que lembrou, o celular estava dentro da mochila, mais foi em vão, pois
percebeu que a mochila não estava mais em suas costas e nem em nenhum lugar em
que pudesse vê-la.
Foi esse o momento em que criaturas
assombrosas adentraram o lugar, e a menina estremeceu. Suas peles eram pálidas,
e seus olhos vermelhos, possuíam o corpo como o de um humano normal, mais de
suas costas saíam asas negras e pontudas. Apenas quando abriram a boca com
lábios vermelhos, Alice pôde ver presas afiadas, e então seu vasto conhecimento
mitológico alertou-a do que se tratavam as criaturas.
Vampiros.
Capitulo 2 – Andando de Pégaso.
Não havia tempo para correr, não havia
sequer para onde correr, um dos vampiros se aproximava. Tal como os outros,
tinha a pele muito pálida, olhos vermelhos, e asas negras saindo de suas
costas, mas essas tinham sangue em suas extremidades. O vampiro tinha cabelos brancos,
mais parecia não ser muito mais velho que ela, disso não sabia ao certo, pois
tinha plena consciência de que ele poderia ter quinhentos, talvez mil anos,
mais com a mesma aparência de quando fora transformado. “então todos aqueles
livros sobre vampiros valeram apena-pensou”. Mais não havia tempo para
piadinhas, tinha que agir, e rápido, ou este seria o seu fim.
O vampiro estava quase a abocanhando, quando
outras cinco criaturas surgiram através da parede. Essas criaturas eram
diferentes dos vampiros que estavam na sala, elfos, deduziu Alice, percebendo
que as criaturas possuíam orelhas grandes e pontudas. O primeiro tinha cabelos
azuis e olhos negros como a noite, mais, percebeu Alice, os olhos não apenas
desse, mais de todos os outros eram inteiramente apenas de uma cor, sem parte
branca ou pupila. Os outros dois eram exatamente iguais, cabelos verde-limão, e
olhos verdes. A do meio, era uma mulher, possuía cabelos negros presos em duas
trança, e olhos verde amendoados, era alta e bela. O ultimo foi o que mais a
intrigou, não podia ver seu rosto, pois estava encoberto pelo capuz do casaco
preto de couro, mas podia ver que fios negros e brilhantes caiam do capuz, ele
segurava um arco e flecha, que estava apontando para o vampiro de cabelos
brancos, apenas quando chegou mais perto e ergueu a cabeça, Alice pôde ver seus
olhos dourados que brilhavam como fogo ao encarar o vampiro.
-Chega Phantom-Falou o elfo-
Parem de matar humanos inocentes que nós os deixamos em paz.
-Ora ora Gollvaethor, mais
uma vez protegendo esses humanos inúteis que sequer sabem que você existe, mais
logo logo isso irá mudar, todos contemplarão o mundo como ele realmente é!
-Não pode fazer isso, vai
contra todas as nossas leis- Falou a mulher elfa.
-Naeret, tão linda como
sempre- foi caminhando até estar a um palmo de distância da elfa- Mas, uma
pena, tão contaminada com todas essas regras que nos impedem de governar o
mundo pertencente a nós por direito, mas que foi usurpado por uma raça menor
como a dos humanos tão facilmente.
-Entregue a garota, Phantom-
Disse Gollvaethor- Nos responsabilizamos por ela.
Alice assistia a tudo em silêncio,
secretamente horrorizada com tudo aquilo, mas, sabia, não poderia dizer uma só
palavra, pois ela estava a leilão, e não sabia quem seria a arremata-la, os
elfos, ou os vampiros.
-Tudo bem, mas só dessa vez-
Falou Phantom- Faz semanas desde a ultima vez que nos alimentamos, mas daremos
um jeito, sangue animal, sei lá... Mais nos prometa que jamais invadirá nosso
covil assim! Aliás, meus parabéns por terem conseguido abrir um portal que
chegasse até aqui, até eu falho às vezes quando vou fazê-lo.
- Que
seja - Falou o garoto de cabelos azuis.
- Venha humana- Falou
Gollvaethor, se dirigindo a Alice.
- Não vou a lugar nenhum,
quero ir pra casa!- Protestou.
- Não pode mais ir pra casa,
ou ter qualquer contato com o mundo humano, agora que já descobriu o mundo sombrio,
não podemos deixa-la escapar.
- Gollvaethor não é? – O
garoto elfo assentiu- Então, não sei que tipo de convenção de World of Warcraft
é essa, mais eu tenho que ir pra casa agora mesmo!
- Se insiste em nos
desafiar, human...
- Pra começar, eu tenho um
nome ok? Meu nome é Alice, e não “humana”.
- Que seja, teremos que
leva-la a força se insiste em nos desafiar- Falou Gollvaethor.
- Tente!- Desafiou a menina.
Então, o elfo colocou o arco e flecha nas
costas e seguiu na direção de Alice, pegando-a no colo com um ar triunfante que
fez as bochechas da menina ficarem rubras. Sem mais protestos, a menina
observava enquanto Gollvaethor e os outros se dirigiam á parede, e quase gritou
quando percebeu que estavam prestes a colidir com ela, mais ao invés disso,
atravessaram-na, e não para o outro lado, mas para um lugar que Alice
desconhecia, e muito menos compreendia.
-Onde estamos?- Perguntou,
para ninguém em específico.
-Bem vinda ao mundo sombrio,
Venore, território dos Elfos- Explicou Naeret, a garota Elfa.
O lugar era simplesmente algo além da
compreensão da garota, vales se estendiam por todo o local. No céu, além de
apenas um sol, havia quatro, e várias ilhas flutuavam pelo céu, uma mistura de
cores, tal como a pintura que havia feito no teto do quarto, lembrou, e junto
com as lembranças vieram o desespero de lembrar que jamais poderia ver a mãe
outra vez. Foi então que lembrou que já havia um bom tempo que estava sendo
levada por Gollvaethor, e demasiadamente envergonhada por isso, saltou dos
braços do garoto elfo, e caiu desajeitadamente sobre a grama verde e vibrante
que os cercava. Já de pé, percebeu que todos haviam parados para ver oque tinha
acontecido, Gollvaethor foi o primeiro a se manifestar.
- Bom, já que vamos passar
um bom tempo juntos enquanto é resolvido o seu caso, vamos nos apresentar!
- Hm, tudo bem- Falou a
menina, com um pouco de receio- Sou Alice, dezesseis anos, planeta terra,
território dos humanos.
- Eu sou Gollvaethor, essa é
Naeret, minha irmã mais velha. Esses são os gêmeos Meliorn, e Octavius, e esse
é Kaléc- Falou apontando para o garoto de cabelos azuis- Todos têm dezessete
anos, exceto Naeret, ela tem dezenove.
- Unicórnios existem?
- Claro que existem- Falou
Kaléc com divertimento na voz- Aliás, já convocamos os nossos através de
mensagens de fogo para que pudessem nos levar á cidade.
-Não sei vocês, mais eu vou
de Pégaso-Retrucou Gollvaethor- Acho que você pode ir comigo humana- Alice o
olhou com repreensão- Ops... Desculpe-me, Alice.
-Isso está ficando muito
confuso! Unicórnios, Pégaso... Agora só falta vocês me dizerem que existem
fadas!
-Bem... - Falou
Octavius-Fadas não existem mesmo, existem ninfas da floresta, mais às vezes
pode não ser muito agradável andar ou caçar por suas terras, elas podem tirar
seus olhos e comer como se fossem uvas!
-Octavius!- Exclamou Naeret,
a garota elfa- Não assuste a menina com suas historinhas, vamos, nosso
transporte até a cidade se aproxima.
A menina olhou maravilhada enquanto cinco
criaturas aladas se aproximavam. Apenas uma continha asas enormes como as de um
anjo, e descia graciosamente pelo ar, as outras quatro tinham um chifre
prateado no meio da testa e sua crista era colorida como um arco-íris. Pela
falta de asas, Alice notou que os quatro unicórnios meio que flutuavam pelo ar,
era como se um dos seus sonhos de infância estivesse se realizando. Quando seus
cascos alcançaram o chão, foi como barulho de vidro tilintar, e ao mesmo tempo
de uma suavidade desagradável. Gollvaethor puxou-a pra perto de si, e quando
ela percebeu o garoto elfo já a segurava pela cintura, pronto para coloca-la em
cima do grande Pégaso.
-Sério que vou ter que andar
nessa... Nessa coisa?- Falou Alice- Não existe táxi por aqui não?
-Se quiser ir a pé não me
manifestarei pra para-la - Falou o garoto, ainda com Alice suspensa no ar- Mais
devo avisa-la de que são cerca de uns vinte quilômetros de onde estamos até a
cidade.
A menina não falou nada, e o garoto elfo
considerou isso como uma rendição, colocando-a na cela do animal, que relinchou
ao perceber sua presença. Gollvaethor ficou logo á sua frente, comandando o
animal. E com cada um em seus respectivos animais mágicos, partiram.
Capitulo
3- História de uma rainha.
-E então, gostou?- Perguntou
Gollvaethor.
-Bom, não como se eu já
tivesse andado de Pégaso antes-Falou Alice com as mãos na cintura do garoto
elfo para se equilibrar, enquanto o animal pairava pelo ar- Mas, cara, isso é
muito legal!
- Você ainda não viu nada- E
tocou nas asas do Pégaso- Vamos lá Tritanus, mostre oque você sabe fazer!
E então foi como se todo o ar em seus
pulmões se esvaísse, ela segurou firme em Gollvaethor quando o animal acelerou
em direção á imensidão azul com nuvens que pareciam de algodão doce. E eram.
-Vamos, prove um pouco
dessa- Falou próximo a uma nuvem com cor de morangos maduros- Mas não se
assuste, algumas delas podem ter, digamos... Efeitos colaterais.
Ela assentiu, e pegou um pedaço da nuvem com
cuidado. Sempre acreditara nisso quando criança, mais nunca pensou que pudesse
ser ela a comer uma nuvem de algodão doce. E tinha gosto de morango, depois que
terminou, sentiu algo em si mudar.
-Experimente falar um pouco-
Desafiou.
-Oque? – Agora sua voz
estava mais aguda do que o normal – Que legal! Mais isso não é permanente, é?
-Não se preocupe, passa
daqui a alguns instantes. Mais agora é sério, temos que ir.
-Ok!
E desceram como um cometa em direção a
terra, e quando viu, estava cavalgando por uma cidadezinha que parecia ter sido
tirada de um filme de época. As construções eram todas de pedra, e havia um
símbolo esculpido na porta de todas as casas. No meio da cidade havia uma fonte
com a escultura de um Pégaso no meio, e um pouco ao longe, um castelo com
várias torres, e em cada torre uma bandeira, com o mesmo símbolo que viu
esculpido nas portas, pensou ela.
-Bem-vinda á cidade de
Venore- Falou Naeret que cavalgava logo ao lado.
-Uau! – Falou a menina – Eu
sempre quis viver em séculos passados, mas nunca pensei que ainda existissem
cidades como essa.
-E você ainda não viu nada!
– Exclamou Gollvaethor – Eu adoraria mostrar a cidade pra você, mas temos que leva-la
até a rainha.
-Para que ela decida oque
fazer com você – Completou Kaléc.
-Decida o que fazer? – Falou
Alice com indignação – Eu já decidi, por mais que eu adore passear de Pégaso e
comer nuvens de algodão doce que mudam a voz – Falou como se fizesse isso todos
os dias – Eu quero ir pra casa. E há esta hora minha mãe deve estar pirando
porque eu não voltei pra casa.
-Não se preocupe com a sua
mãe – Falou Kaléc – Ela deve não perceber por um tempo, afinal, o tempo no
mundo sombrio não passa como no mundo dos humanos.
E não se falou mais nada até chegarem ao
palácio. Assim como as outras construções da cidade, o palácio era feito de pedra,
mas estas eram encobertas por esmeraldas. As torres se entrelaçavam umas nas
outras tornando o brilho ainda mais intenso. As portas passavam dos sete metros
de altura e eram de ouro puro, elas continham o mesmo símbolo das bandeiras
entalhado.
- O que esse símbolo
significa? – Quis saber.
- É a marca dos elfos –
Falou Naeret, com olhar distante – Todos recebemos essa marca quando nascemos.
Dizem que trás força e proteção, mas não acho que seja verdade, afinal, é só um
mito.
- Bom, antes eu pensava que vocês eram só um
mito, e agora, vejam só!- Exclamou a menina.
Naeret não disse nada, e Gollvaethor fez
um sinal para que entrassem, pois a rainha estava esperando por eles. O
interior do castelo era tão surpreendente quando o exterior, e depois de
passarem por várias salas cheias de criaturas como as que ela havia acabado de
conhecer, adentraram ao lugar em que estava a rainha. Uma bela mulher elfa com
cabelos louro-dourados envoltos por uma coroa dourada com brilhantes, seus olhos
eram azuis como o céu. Vestia um longo vestido verde com o que pareciam ser
folhas e flores por todo ele. Pediu para que se aproximassem e contassem o que
estava acontecendo, Kaléc foi o primeiro a se manifestar.
-Bela rainha Meliamne –
Começou – Resgatamos essa humana que estava sendo atacada por vampiros.
- Vampiros? – Interrompeu a
rainha.
- Phantom pra ser mais exato
– Disse ele – Como vossa majestade já sabe, Phantom e seu clã vêm matando cada
vez mais humanos, e parece que ele tem plano maior do que apenas se alimentar.
Por sorte conseguimos resgata-la – Falou apontando para Alice – E queremos
saber o que fazer com ela já que segundo as nossas leis ela não pode retornar
ao mundo dos humanos.
- Pois bem – Começou a
rainha – A menina deverá ficar por um tempo até que eu decida oque fazer com
ela, essa decisão não cabe a ser tomada hoje, pois haverá a festa de
aniversário da minha fênix.
- Respeitamos a sua decisão,
mais onde ela deverá ficar?
- Temos quartos sobrando no
castelo – Falou a rainha – Acho que ela pode ficar aqui.
- Ela virá á festa? –
Perguntou Gollvaethor.
- Bem, eu acho que ninguém
tem o direito de perder uma boa festa, além do mais, ela é nossa convidada
enquanto estiver aqui, e não nossa prisioneira. Providenciarei um belo vestido
de festa pra você ok? Não pode ir a uma festa com essas roupas – Falou a rainha
dirigindo-se a Alice.
- Mas eu não uso vesti...
- Na Na Na Na Não, eu
insisto, ainda mais nesse seu corpinho, se eu tivesse sua idade...- Falou a
rainha, que na percepção de Alice parecia não ter mais que 35 anos – Yellenia!
– Falou dirigindo-se para uma mulher elfa que estava por perto – Providencie um
vestido para essa menina.
- Sim senhora, vossa
majestade – Falou a mulher elfa, e saiu apressadamente.
- Esses meus empregados... –
Sussurrou a rainha – Alice, você precisa de um trato se quiser arrasar na
festa! Cabelo, unhas, maquiagem e tudo mais! – Falou, apalpando a garota.
- Mais eu não quero arras...
- Vamos! – Interrompeu a
rainha novamente, enquanto arrastava a garota castelo adentro – Pode demorar um
pouco até que tudo fique pronto.
Gollvaethor segurou-a na mão em que a
rainha não estava segurando, e antes que a rainha a levasse de vez sussurrou:
- Não se preocupe, ela é
assim em dias de festa – Falou o elfo – Vou estar te esperando perto da fonte
ok?
Ela assentiu, e então a rainha arrastou-a
castelo adentro. Fez cabelo, unhas, maquiagem, e quando viu, um lindo vestido a
esperava no quarto de hóspedes. Um vestido azul celeste que contrastava com
seus cabelos negros, que por sua vez, estavam trançados com fios de ouro que se
entrelaçavam por todo ele. Estava linda, tinha que admitir.
- Vamos jovem dama, a rainha
está a sua espera no salão do castelo – Falou Yellenia, assustando a menina,
que não havia percebido que ela estava no quarto.
- A minha espera? Por quê?
Pensei que ela já estivesse na festa.
- Entendo – Falou Yellenia –
é que a rainha deseja acompanha-la até a festa, ela gosta muito de humanos, ao
contrário da maioria de nós – Ao ver Alice olhando para ela tentou corrigir-se
– Sem querer ofender a jovem dama.
- Mas porque ela gosta tanto
assim de humanos? – Alice quis saber.
- É uma história antiga, que
apenas poucos tiveram acesso, não posso revelar a alguém como você, ou a minha
cabeça estaria na guilhotina. – Falou Yellenia.
- Ora, por favor, eu guardo
segredos muito bem. E além do mais eu não conheço ninguém aqui, a quem eu
contaria?
- Tudo bem, mas apenas
porque eu sinto que você é alguém confiável – Falou a elfa – Desde que o pai da
rainha Meliamne, o rei Itilus, governava os territórios de Venore, e ela ainda era
uma princesinha indefesa, eu era a sua criada, e isso fez com que eu ganhasse a
confiança entre toda a família, e principalmente a amizade da rainha Meliamne.
Então, quando tudo aconteceu, eu e os pais da rainha, fomos os únicos, a saber,
da seguinte história:
“Ela era jovem, prestes há
completar dezoito anos, a idade oficial para que ocorresse a coroação e enfim a
princesa se tornasse rainha. Ela já estava aprendendo as magias mais avançadas
para que se tornasse rainha, então, aprendeu a magia mais perigosa de todas, a
que nos permite ir para o mundo humano. Uma noite, ela estava passeando pelos
arredores do castelo, e a curiosidade falou mais alto, então, ela resolveu
testar a magia. Quando chegou ao mundo humano, se encantou com tudo que viu
e...”
- Espere um minuto – Falou
Alice – se ela foi ao meu mundo, então como as pessoas não se assustaram ao
ver... Sei lá, orelhas grandes, olhos de uma cor só?
- Existe um feitiço de
disfarce - Falou Yellenia – Agora me deixe contar a história!
- Tudo bem – Falou a menina,
assustada com a irritação de Yellenia.
“Como eu ia dizendo, ela se
encantou com tudo que viu, ela gostou tanto de viver como uma humana, que
acabou passando um tempo por lá. Ela não nos contou como, nem onde, mas durante
o tempo em que ficou entre os humanos, ela conheceu um humano, e apaixonou-se por
ele. Os dois estavam muito apaixonados, até que chegou o dia em que Meliamne não
aguentou mais esconder sua verdadeira aparência e se viu obrigada a contar ao
seu amado oque realmente era. Ela preparou tudo, uma noite especial, ou talvez
a sua ultima ao lado de quem amava. Ele ficou muito assustado ao ver sua forma
original, e disse que não haveria mais como eles continuarem, ela pediu para
que eles passassem uma ultima noite juntos, e ele concordou, contanto que ela
mantivesse sua forma humana. Quando retornou ao mundo sombrio, teve que dar
explicações aos seus pais sobre o tempo que passou fora, mas depois disso, tudo
ficou calmo por alguns meses. Até ela descobrir que estava grávida. Ela tinha
plena certeza de quem era o pai da criança , quando os pais dela descobriram,
ordenaram que trouxessem o humano que desonrou a futura rainha de Venore e...”
- Então, depois dela ter
quase implorado pra ficar com ele aquela noite, ela fica grávida, e o coitado é
quem leva a culpa? – Falou Alice parecendo indignada.
- Prosseguindo...
“Então eles fizeram um
trato, a rainha ficaria escondida, longe dos olhos de todos até que a criança nascesse
então seria levada ao mundo humano junto com o pai, que concordou em cuidar da
criança. Não sabiam ao certo como seria a prole de uma elfa e um humano, o que
restava era apenas esperar. Por sorte, a criança nasceu completamente humana,
sem nenhum traço elfo, a não ser os olhos que não tinham parte branca ou
pupila, mas isso era mais fácil de disfarçar com um feitiço. Durante anos a
rainha continuou vendo sua linda filha em segredo, e conforme ela crescia seus
olhos se tornavam mais humanos, mas então o pior aconteceu: o pai da menina
morreu em um acidente de carro e ela foi parar em um orfanato, desde então não
se sabe mais nada sobre oque aconteceu com ela.”
- Que história! – Suspirou
Alice – Eu sinto muito dó dessa menina, pois ela é igual a mim, saber que nunca
mais vai ver seus pais verdadeiros é algo que me deixa triste - Falou a menina
com olhar distante.
- Mas você não disse que
tinha uma mãe? – Perguntou Yellenia.
- E tenho, mas não é minha
mãe verdadeira, na verdade nós quase não conversamos, ou agimos como mãe e
filha- Falou Alice, e sentiu as lágrimas se juntarem em seus olhos – Na verdade
eu perdi meu pai quando eu tinha três anos, e logo fui adotada. Eu bem que
queria, mas não me lembro de nada antes disso. Só me lembro de que tinha um pai
porque minha mãe adotiva me contou sobre ele.
- Entendo... - Falou
Yellenia, tentando soar o mais amigável possível – Mas agora temos que ir para
a festa, a rainha já deve estar impaciente.
- Tudo bem – Falou a menina,
enxugando as lágrimas do rosto.
- Jovem dama – Sussurrou
Yellenia – Não conte nada sobre eu ter contado isso há você para a rainha, tudo
bem?
- Tudo bem Yellenia, agora
vamos.
Capitulo 4 – A festa.
Chegando há praça juntamente com a rainha
Meliamne, Alice notou que já havia uma significativa aglomeração de pessoas, na
verdade de elfos de todos os tipos. E então se lembrou de que Gollvaethor
dissera que estaria na fonte esperando por ela.
- Rainha Meliamne! Posso
pedir uma coisa?
- Sim Alice, pode falar.
- É que preciso me encontrar
com uma pessoa – Falou a menina – Então, se você não se incomodar...
- Claro que não me incomodo
querida, pode ir! – Falou a rainha – E mais uma coisa, Relacionamentos entre
elfos e humanos são proibidos...
- Mas eu não... –
Interrompeu a garota – Eu não tenho a intenção de...
- Fique tranquila Alice –
Interrompeu-a a rainha – Eu também não concordo com essas regras bobas, é só
não deixar ninguém saber!
- Rainha Meliamne, eu não...
– E desistiu de tentar explicar – Tudo bem.
- Tchau garota! Divirta-se!
-Pode deixar – Disse ela, e
saiu, dirigindo-se a fonte.
Chegando à fonte, viu que não havia ninguém
lá, então decidiu que iria esperar, pois havia chegado razoavelmente cedo, e a festa
ainda nem havia começado. Esperou e esperou, até que viu uma figura masculina
com orelhas pontudas se aproximando, perto o bastante para que percebesse que
não era Gollvaethor, e sim Kaléc, que estava com um cachecol azul que parecia
fazer parte do seu cabelo. Ele, pensou Alice, não fazia a mínima ideia do
significado de moda.
- Oi Alice! – Cumprimentou-a
Kaléc – O que faz aqui?
- Estou esperando
Gollvaethor – Disse ela – Ele disse que me esperaria aqui, mas até agora não
chegou.
- Elfos escuros... –
Sussurrou baixinho, meio que para si mesmo.
- Oque? Elfos escuros?
- Tudo bem - Falou Kaléc –
Sinto que você é confiável, acho que devo contar-lhe a verdade.
- Ha ha ! Acho que sou mesmo
– Falou Alice - Você é a segunda pessoa que me diz isso hoje. Pode falar se
quiser.
- Tudo bem, mas acho melhor
você sentar, pois a história é longa!
“Gollvaethor nem sempre foi
um de nós, ele pertencia a uma raça inferior e totalmente sombria, os elfos
escuros. E ele e sua irmã Naeret, nasceram um pouco diferentes do resto da
raça. Como todos nós elfos aprendemos desde pequenos, os elfos escuros tem a
pele escura e seus cabelos são brancos, e como você já pôde perceber Naeret e
Gollvaethor tem a pele totalmente pálida, e seus cabelos são escuros. A chance
disso acontecer entre elfos escuros (segundo o meu livro de ciência élfica) é
de dois em mil anos. Essa diferença lhes trouxe muitos problemas, um deles era
a humilhação e repressão constante que sofriam por parte das outras pessoas do
clã. Não muito tempo depois, sua mãe, a única pessoa que eles ainda amavam,
veio a falecer, e quando Naeret tinha doze anos e Gollvaethor dez, eles não
concordavam com os princípios e as maldades feitas pelos elfos escuros, isso e
mais outros motivos, foi o que os levou a sair de casa e vir parar aqui. A
principio ficamos meio acanhados em recebê-los, pois pertenciam a outra raça
élfica, mas depois de saber sobre sua história aceitamos a sua estadia.
Conforme foi crescendo, Gollvaethor se destacou mais que qualquer um no arco e
flecha, e Naeret sabe manusear perfeitamente uma harpa mágica ou conjurar
feitiços. Mas não acho que eu deva confiar neles. “
- Mas por quê? Eles parecem
ser boas pessoas – Falou Alice – E como você mesmo falou, nenhum dos dois
concordava com os princípios dos elfos escuros.
- Mas quem já foi um deles,
nunca deixa de ser o que é. – Falou o elfo – Em minha opinião você deveria se
afastar dele, vai acabar te trazendo problemas.
- Prefiro me arriscar –
Disse ela – Aliás, porque será que ele está demorando tanto?
Gollvaethor já estava se aproximando do
local, mas só era visível do ponto de vista de Kaléc, que mantinha os olhos
fixos nele, Alice se virou para ver o que tanto tirava a atenção do garoto, o
que não foi possível, pois Kaléc segurou-a pelo braço, forçando-a a olhar pra
ele, nesse instante, ele se inclinou para ela e beijou-a. Os lábios dele abriam
e fechavam os dela, em um movimento uniforme e suave, mas ao mesmo tempo
desagradável, era como se alguma coisa estivesse sendo tirada dela. Não era o
que queria, não era quem queria, não para o seu primeiro beijo. Então o
empurrou, afastando-se dele, a primeira coisa em que pensou foi em Gollvaethor,
como ele deveria estar se sentindo, tudo bem, se conheciam há apenas um dia,
pensou, mas não era justo marcar um encontro com uma pessoa, e chegar e
perceber que ela está beijando outro cara. E ela simplesmente não ia deixar
barato para Kaléc.
- Porque você fez isso? –
Perguntou a menina.
- Há há ! Então você não
gostou?
- Não é isso seu idiota! –
Disse ela – Você só fez isso porque o Gollvaethor estava vendo.
- Tirou as palavras da minha
boca – Falou Kaléc – Quem liga para aquele elfo escuro?
- Tudo o que você tem é
inveja dele, das muitas coisas e habilidades que ele conquistou, mesmo sendo
oque é. – E bateu com tudo no rosto de Kaléc, deixando marcas vermelhas de
dedos finos.
- Alice, eu não sabia que
você...
Mas não teve chance de terminar a frase,
pois Alice havia corrido para procurar Gollvaethor. Aparentemente a festa já
havia começado, pois já era possível avistar mulheres com vestidos feitos de
flores e outros com esmeraldas, e homens com seus elegantes trajes de gala, e
lembrou-se do quanto era difícil correr com saltos tão altos. Felizmente encontrou
Gollvaethor em um ponto um pouco isolado, sentado em baixo de uma árvore com
galhos inclinados para frente, e folhas que formavam uma espécie de cortina
verde.
- Oi – Era a única coisa que
podia falar.
- Oi – Respondeu ele, e
indicou um lugar em meio á grama para que se sentasse, e ela o fez.
E ficaram em silêncio por longos e
intermináveis minutos, até que Alice resolveu fazer uma pergunta que estava
presa na garganta.
- É verdade? – Sibilou –
que... Você...
- Que eu oque?
- É verdade que você é um
elfo escuro? – Deixou escapar.
- Sim, quem falou isso á
você?
- Kaléc, ele disse que você
e Naeret eram um pouco diferentes do resto deles.
- E somos, desde pequenos
nunca concordamos com os métodos deles – Disse ele – Então, nossa mãe, que
também não concordava, foi taxada de traidora, e enviada á uma missão suicida,
aonde veio a falecer. Depois disso nós passamos a morar com um tio, apanhávamos
todos os dias, sem exceção, foi quando decidimos fugir, e viemos parar aqui.
- Mas eu não entendo – Falou
Alice – Por que Kaléc tem tanta raiva de você?
- Isso você vai ter que
perguntar para ele, por que sinceramente eu não sei.
- E... Porque você correu
quando nos viu na praça?
- Acho que não seria certo
dizer “Você sabia que eu gostava de você” em uma situação em que os sujeitos se
conhecem a menos de vinte e quatro horas – Disse ele, e suas bochechas
enrubesceram – Mas, acho que gosto mesmo de você, é bem corajosa, para uma
humana.
- Você acha? –Disse ela –
Quero dizer... Que bom que você acha!
- Há Há! Você é meio confusa
às vezes, gosto disso.
- Acho que – Ela já estava
começando a se sentir desconfortável com aquele clima – Deveríamos voltar para
a festa.
- Boa ideia, cantar parabéns
pra uma fênix – Disse ele com um tom de ironia – Parece ser muito divertido,
não acha?
- Tudo bem, podemos ficar
aqui. Só mais um pouco – Alertou.
- Então, oque você gosta de
fazer no tempo livre? – Virou-se para encarar a garota.
- Espera, isso é um
encontro? – Perguntou ela. Já estava ficando toda vermelha.
- Acho que sim – Falou o
elfo – Deve estar sendo incrível para você, a idéia de estar saindo com um
elfo, principalmente um tão atraente quanto eu – E sorriu.
- Por favor, não se gabe
tanto.
- Foi mal – Deu de ombros.
- E, respondendo a sua
pergunta – Falou Alice – Eu quase sempre jogo vídeo game ou fico assistindo
animes ou doramas até tarde.
- Não faço ideia do que
signifique isso – Ele parecia realmente confuso – Quando eu não tenho nada para
fazer, geralmente eu treino arco e flecha. Sabia que eu já consegui o título de
melhor arqueiro do reino inteiro?
- Acho arco e flecha legal –
E uma ideia veio á sua mente – Ei! Será que você poderia me ensinar?
- Claro! – Ele parecia
bastante animado com a ideia – Podemos começar amanhã quando o sol nascer. Tem
um lugar que só eu sei onde fica, e é perfeito pra treinar. Oque você acha?
- Pode ser – Disse ela –
Agora... Vamos para a festa? Por favor, eu quero muito ver uma fênix!
- Tudo bem, se você insiste.
Levantaram-se, e foram para o local onde a
festa estava sendo realizada. Agora, notou Alice, havia muito mais pessoas,
todas com suas orelhinhas pontudas, e seus olhos diferentes. Pela primeira vez
naquele lugar, sentiu-se como se estivesse em casa, e certamente achava aquele
mundo muito mais interessante que o dela. No centro da praça, ao lado da fonte,
estava a graciosa fênix da rainha, essa por sua vez, estava segurando uma coroa
maior que suas duas mãos juntas, e pronunciava algumas palavras em homenagem á
fênix.
- Parabéns minha princesa,
pelos seus dois mil anos de vida – E colocou a coroa na cabeça do bicho, que
respondeu com um gesto de carinho para com a rainha. Muitas pessoas a cercavam,
e algumas até choravam de emoção.
- A rainha nuca teve filhos,
então faz tudo pela sua fênix de estimação – Disse Gollvaethor, dirigindo-se á
Alice – Às vezes tenho pena dela.
“Isso é por que ele não sabe
da verdadeira história da rainha, pensou Alice”.
- Vamos pegar algumas
bebidas naquela mesa ali, eu estou com sede – Disse ela, apontando para a mesa
que ficava no canto esquerdo da praça.
- Vamos – Falou Gollvaethor,
com um sorrisinho no rosto quando chegaram à mesa – Você vai adorar, é bebida
feita pelos Góblins, pode causar alucinações bizarras, eu acho divertido. Quer
provar?
- Por que não, não é?
E pegaram dois copos, onde se concentrava
um liquido prateado espesso. Quando
bebeu, Alice sentiu uma leve tontura, e quando percebeu, ela e Gollvaethor
estavam dançando na frente de todas aquelas pessoas, e sua música favorita
tocava, em seguida, Gollvaethor desapareceu, e deu lugar a um unicórnio, que
lhe oferecia bolinhos e chá enquanto dançava. Depois disso, tudo ficou preto, e
ela não viu mais nada.
Ele se sentia tonto, e não se lembrava de
nada que havia acontecido na noite passada. Seus olhos ainda estavam fechados,
e ele percebeu que estava tocando em algo macio e redondo, e apenas quando
abriu os olhos pôde saber do que se tratava, e afastou rapidamente as mãos, mas
não antes que Alice acordasse e visse o que ele estava fazendo. Os dois se
entreolharam, e tudo o que conseguiram fazer foi gritar de susto.
- Até que enfim vocês dois
já acordaram, pensei que iriam ficar dormindo o dia inteiro – Falou Naeret, que
tinha acabado de entrar no quarto.
- O que aconteceu com a
gente ontem? – Perguntou Alice.
- Vocês tomaram bebida de
Góblin de mais, e desmaiaram – Disse Naeret, que parecia estar se divertindo
com a situação – Então, já que vocês ficavam tão fofinhos juntos, resolvi
coloca-los aqui. E se vocês acordassem no meio da noite e...
- Não precisa falar! Nós já
entendemos! – Os dois falaram ao mesmo tempo, formando um coro.
- Aliás – Falou Gollvaethor
– Que horas são?
- Quase quatro da tarde –
Afirmou Naeret, olhando para seu relógio de pulso.
- Gollvaethor! Você disse
que me daria aulas de arco e flecha ao amanhecer! – Exclamou Alice.
- Então, é melhor irem logo,
antes que anoiteça – Alertou Naeret.
- Naeret! – Exclamou Alice
ao ver o que estava vestindo, enquanto levantava-se – O que significa isso?
Ela estava vestindo shorts de pijama mais
curtos que o normal, e uma camiseta com o desenho de um arco-íris, e no final
dele um unicórnio. E estavam escritas as seguintes palavras: “Yeah! Rock elf!”.
- É o meu pijama – Disse ela
– Você não podia dormir com aquela roupa. E até que ficou fofinho em você.
- O que significa “Yeah!
Rock elf”? – Perguntou Alice.
- É a banda de rock do meu
namorado – Falou Naeret.
- Alice, estou pronto! –
Falou Gollvaethor, o que a fez se perguntar se os elfos utilizavam de magia até
para se trocar. – Estarei esperando por você na sala de estar. – E retirou-se
do local.
- Legal, elfos curtem rock –
Falou Alice, enquanto vestia uma calça jeans e uma camiseta de Naeret, que se
encaixavam perfeitamente nela.
Quando terminou, se dirigiu até a sala de
estar, onde encontrou Gollvaethor, que segurava dois arcos e uma aljava, que
continha várias flechas. Depois de se despedirem de Naeret, que fez as devidas
recomendações que uma irmã mais velha faria, seguiram para o tal lugar secreto
de Gollvaethor.
- Já estamos chegando não é?
– Perguntou Alice, estupefata – Nós já estamos andando á duas horas, e nada!
- Acho que eu já estou
avistando a floresta – Alertou-a.
- Porque não podíamos vir
com Tritanus? Seria muito mais rápido, e menos cansativo.
- Nem ele poderia saber onde
fica, eu já disse, é secreto.
- Se ele não pode saber –
Disse ela – Porque eu posso?
- Porque sinto que posso
confiar em você.
- Acho que pode confiar
mesmo – Disse ela – Pois você é a terceira pessoa que me fala isso.
- Chegamos – Falou
Gollvaethor, ignorando sua afirmação.
Estavam em meio a uma floresta que fez
Alice coçar os dedos para pegar lápis e papel e desenhar o que estava
presenciando. O lugar parecia demasiadamente sombrio, árvores secas se
entrelaçavam umas nas outras, tornando o lugar completamente escuro, e sem
qualquer luz natural, um lugar nada agradável para treinar.
- Você tem certeza que quer
treinar nessa floresta dos horrores? – Perguntou-lhe Alice.
- Esse não é o lugar – Disse
ele – Aqui é território Orc, de maneira alguma poderíamos treinar aqui.
- Então treinaremos aonde?
- Em uma dessas árvores há
um portal – Disse ele – Que leva á um lugar que ninguém conhece, é lá que
iremos treinar.
- Um mundo mágico dentro de
um mundo mágico – Disse ela – Quem diria.
Capítulo 5 – O portal
Gollvaethor estava a examinar cada uma das
árvores, em busca da que tinha o portal. Ele dissera a Alice para que
procurassem por uma árvore marcada pelo símbolo de proteção dos elfos, o mesmo
que ela vira marcando as portas das casas, e as bandeiras do castelo. E assim
ela fez, até que pudesse acha-la.
- Achei – Disse ela,
apontando para uma árvore com a mesma aparência das outras, mas com a marca que
procuravam, e a mesma também parecia não ter nada em seu interior.
Então, Gollvaethor deu três soquinhos na
árvore, mas não forte o suficiente para abrir um buraco, que foi o que
realmente aconteceu, revelando o portal. Então eles entraram, e foi como uma
queda sem fim, até finalmente chegarem ao lugar em questão.
- E é aqui – Disse ele – Que
vamos treinar.
O lugar era magnifico, uma floresta de cerejeiras,
que contrastava com a tonalidade avermelhada do céu ao anoitecer. Ao longe,
podiam-se ver montanhas cheias de neve no pico, e campos com flores.
- Realmente um país das
maravilhas - Disse ela.
- Nesse caso, você é Alice
no país das maravilhas! Há há!
- Estou surpresa de você
saber pelo menos essa história do mundo humano.
- Quem disse que é do mundo
humano? – Falou Gollvaethor – E quem disse que é só uma história?
- Como assim, não é só uma
história? – Perguntou-lhe Alice.
- Claro que não – Disse ele –
Há séculos atrás, uma garotinha chamada Alice veio parar no mundo sombrio, através
de um portal que ela descobriu. Ela viveu várias aventuras aqui, mas como você
sabe humanos que vêm ao mundo sombrio tem por obrigação ficar no mundo sombrio,
mas Alice foi mas esperta, e contratou um feiticeiro para abrir um portal até o
seu mundo, e assim ela fugiu.
- Mas o que aconteceu quando
ela chegou lá? – Quis saber.
- Quando chegou, tentou
contar pra todos as coisas maravilhosas que viu, e as aventuras mágicas que
viveu aqui, mas infelizmente, foi tachada de louca, e quando tentou insistir, e
reforçar sua teoria de que todas as lendas eram verdadeiras, sua mãe teve que
coloca-la no sanatório – Disse ele – Posteriormente, Alice ficou muito doente,
e antes que morresse, escreveu sua história, para que todos lessem, e se
convencessem de que aquilo era real, o que infelizmente não aconteceu, e o livro
ficou sendo apenas uma historinha infantil.
- Isso é realmente triste –
Disse ela – Nunca pensei que essa história teria um outro lado.
- Todas têm – Disse ele, com
olhar distante.
- Aliás, como ela conseguiu
encontrar um portal?
- Existem portais por todas
as partes do mundo – Falou Gollvaethor – Por exemplo, existe um portal no meio
do Central Park, sabia?
- Que incrível – Falou Alice
– Mas com tantos portais, porque poucos humanos conseguem vir ao mundo sombrio?
- Talvez por não olharem
para o mundo como deveriam – Disse ele.
- Talvez sim, agora... Vamos
treinar?
- Ah é! – Falou Gollvaethor,
meio desajeitado – Vamos treinar.
Então, o garoto entregou-lhe um arco e uma
flecha, para testar o que ela já sabia, e tinha que confessar, ela não era tão
má assim. Posteriormente, Gollvaethor, com auxilio de magia, fez um alvo em uma
das árvores para que assim treinassem.
- Então, você coloca essa
mão aqui – Disse ele, posicionando as mãos da garota sobre o arco – E com essa
você segura a flecha.
- Agora é só mirar e... –
Falou Alice, concentrando-se o máximo que pôde – Acertei!
- Muito bom, você aprende
rápido – Disse ele – Agora, temos que ir, já está escurecendo, e além do mais
Naeret teria um ataque se não voltássemos logo.
- Mas por onde nós vamos
voltar? – Perguntou-lhe Alice.
- É bem simples – Falou
Gollvaethor – Não posso abrir um portal de lá para cá, por que não sei
exatamente onde estamos. Mas é muito simples abrir um portal de cá para lá.
- Então está bem – Disse
ela.
Então, ele começou a falar algumas palavras
que Alice não compreendia, e foi esse o momento em que se abriu o portal. Alice
foi a primeira a entrar, seguida por Gollvaethor, dessa vez, a queda foi tão
natural quanto respirar. Quando chegaram, o garoto alertou-a de que deveriam se
esconder, pois criaturas do mau se aproximavam. Orcs. Eles conseguiram escutas
apenas algumas frases que aquelas criaturas disseram, antes que fossem em bora.
-... E então, Phantom já
mencionou a data em que atacaremos os elfos?
-... Ainda não, tudo o que
eu sei é que também haverá outras raças ao nosso lado. – E adentraram a
floresta.
- E então, o que faremos? –
Perguntou Alice.
- Temos que avisar á rainha
– Falou Gollvaethor – Vou abrir um portal para que possamos chegar até lá mais
rapidamente.
- Boa ideia – Disse ela – Só
não sei por que não pensou nisso quando me fez andar por duas horas a pé.
Ele não respondeu, e começou a falar as
mesmas palavras estranhas de antes, então, o portal se abriu, e eles
adentraram-no. Quando se deu conta, Alice estava na praça central, tal como
Gollvaethor, e eles caminhavam apressadamente em direção ao castelo de
esmeraldas. Chegando lá, foram recepcionados por Yellenia, que lhes indicou o
lugar onde estaria a rainha, e esta por sua vez, estava assentada em seu trono,
e brincava com algo que parecia ser uma libélula prateada.
- Minha senhora – Falou
Yellenia – Gollvaethor e Alice desejam falar com a vossa majestade, devo
convidar-lhes a entrar?
- Chame-os – Disse a rainha
– Estava mesmo um tédio isso aqui.
Yellenia foi chama-los, e então eles
adentraram o local, Gollvaethor foi quem deu a noticia á rainha.
- E então, o que vocês
querem? – Perguntou-lhes a rainha.
- Nós viemos avisar-lhe de
que brevemente seremos atacados por Phanthom – Disse ele.
- Onde vocês conseguiram
essa informação?
- Confesso que estivemos em
território Orc – Disse ele – E vimos alguns deles conversando sobre isso.
- Então não precisamos nos
preocupar tanto – Disse ela – Se é apenas o clã de Phanthom.
- Não é tão fácil assim –
Disse Alice – Parece que eles também contam com a parceria de várias outras
raças, não só vampiros.
- Então é assim – Disse ela
– Ele irá destruir todos que se oporem, até conseguir o que quer.
- E então, o que faremos? –
Perguntou-lhe Gollvaethor.
- Já sei – Disse Alice – Podemos
pedir ajuda de outras raças, não é possível que todas as raças tenham se
rendido a ele, tem de haver alguma.
- E tem mesmo – Falou a
rainha – Vampiros e lobisomens são inimigos de longa data, duvido tenham feito
parceria.
- Isso mesmo – Disse Gollvaethor
– Se vossa majestade assim desejar, eu posso mandar uma mensagem de fogo agora
mesmo.
- Faça isso agora – Disse
ela – E podem se retirar.
- Tudo bem – Disse Alice –
Já estamos indo.
- Yellenia, acompanhe-os até
a porta – Falou a rainha, que parecia perturbada por alguma coisa.
- Sim senhora – Disse ela,
levando-os até a porta, e em seguida fechando-a.
- Rainha Meliamne – Disse
ela – A senhora está bem?
- Estou sim Yellenia – Falou
a rainha – Estou apenas pensando em algumas coisas.
- Senhora, aquela garota –
Falou Yellenia – Sinto como se já á conhecesse, ela me lembra muito a...
- A minha filha – Disse ela,
que parecia perdida em pensamentos.
- Isso mesmo, nós íamos
visita-la sempre no mundo humano, lembro-me perfeitamente do seu rosto – Disse
ela – Mas se ela fosse mesmo quem estamos pensando que é, lembraria-se de
alguma coisa, afinal, não faz tanto tempo assim desde que perdemos o contato.
- Ou talvez não...
- Como assim talvez não?
- Na ultima vez em que a
vimos, fiz um feitiço muito poderoso, para que ela não se lembrasse de, nada do
mundo sombrio, e para que inibisse seus poderes, ou até mesmo o crescimento das
orelhas – Falou a rainha – Se for mesmo ela, há um meio de reversão do feitiço.
- Isso faz mesmo muito
sentido – Falou Yellenia – Certa feita, eu estava conversando com ela, e ela
disse que não se lembra de nada antes de ser adotada, apenas as coisas que sua
mãe adotiva lhe contou.
- Yellenia.
- Sim minha rainha.
- Preciso que faça uma
coisa.
...
- E então, como vocês mandam
essa tal mensagem de fogo? – Perguntou-lhe Alice.
- Não posso ensinar a uma
humana um feitiço élfico – Disse ele.
- Então vocês não usam
corujas... – Disse ela – Prefiro o bom e velho SMS, rápido e prático.
Então, Golvaethor pegou um pedaço de papel,
e começou a redigir uma carta, em seguida, começou a falar palavras mais
estranhas que as de antes, foi o momento em que a carta começou a brilhar em um
fogo azul celeste, e desapareceu no ar.
- Que legal! – Disse ela, encantada com o que
acabara de presenciar – É tão chato ser humana.
- Ás vezes não – Disse ele –
Você não precisa estar em guerra constante contra forças do mal, e nem se
preocupar com a segurança de outras raças.
- Me diz uma coisa, vocês
matam demônios?
- Não – Falou Gollvaethor –
Isso é trabalho dos Nephilim, eles são metade anjos, metade humanos. Nosso
trabalho é controlar a paz entre todas as raças do mundo sombrio, e evitar o
contato deles com o mundo humano, o que nem sempre dá muito certo.
- Então quer dizer que...
- Exato. Essa não é a
primeira vez em que membros do mundo sombrio tentam dominar o mundo humano,
isso já vem acontecendo há séculos.
- E então se nunca deu certo
– Disse ela – Por que eles não desistem?
- Disso eu já não sei –
Disse ele – Só sei que se isso acontecer, tanto o nosso mundo, quanto o mundo
humano, se transformará em um caos.
- Isso é terrível! – Disse
ela.
- É sim, mas enquanto não
entramos em guerra, que tal irmos jantar?
- Seria uma boa – Falou
Alice – Mas, vocês não comem comidas esquisitas tipo gafanhotos, olhos...?
- Claro que não – Disse ele,
em meio a uma risada – Naeret está fazendo biscoitos, é melhor irmos logo.
- Tudo bem então.
Quando chegaram a casa, Naeret estava no
fogão preparando os biscoitos, e uma figura élfica estava sentada á mesa,
observando-a. Ele tinha cabelos louros dourado, que chegavam até os ombros, e
seus olhos eram cor de mel. Assim que Naeret os viu entrando, tirou o avental
Pink Up que estava usando e foi cumprimenta-los.
- Chegaram bem na hora –
Disse ela – Os biscoitos já estão prontos!
- Quem é esse? – Perguntou
Alice, apontando para o elfo sentado á mesa.
- A sim, quase ia
esquecendo-me, você ainda não o conhece – Falou Naeret – Esse é Griss, o meu
namorado.
- Amor, essa é Alice – Falou
á Griss – Ela é humana, está passando alguns dias por aqui.
- Muito prazer Alice! –
Disse ele – Mas eu pensei que humanos não podiam visitar o mundo sombrio.
- E não podem – Dessa vez
Gollvaethor foi quem falou – Ela estava sendo atacada por vampiros, e nós conseguimos
salva-la, e como humanos que conhecem o mundo sombrio não podem mais retornar,
ela está aqui até agora aguardando julgamento.
- Pessoal! – Falou Naeret,
batendo na mesa, e chamando a atenção de todos – Os biscoitos vão esfriar.
E então todos se serviram, e Alice tinha que
admitir, os biscoitos estavam ótimos.
- Do que são feitos? –
Perguntou ela.
- O que?
- Os biscoitos – Falou Alice
– Do que são feitos?
- Morangos de Venore, os
melhores da região – Disse ela – E gotas de chocolate!
- Estão mesmo ótimos
amorzinho - Disse Griss.
- Você acha Grissinho?
- Vai começar... – Falou
Gollvaethor, para Alice – É melhor sairmos daqui.
- Boa ideia – Falou Alice
desviando o olhar dos dois, que já tinham começado a se beijar – E além do
mais, tenho que voltar ao castelo, prometi á rainha Meliamne que ficaria lá.
- Tudo bem – Disse ele – Eu
te acompanho até lá.
Capítulo
6 – A viajem.
Chegando lá, Alice despediu-se de
Gollvaethor, e então, adentrou o castelo. Tudo oque queria era uma boa noite de
sono, pois já começara a sentir o peso causado por um dia inteiro de treino,
mas infelizmente isso não pôde ser realizado com a urgência que ela desejava.
- Alice! – Chamou-lhe
Yellenia – A rainha deseja falar com você o mais rápido possível.
- Tudo bem – Disse ela –
Estou indo.
E então, dirigiram-se aos aposentos da
rainha, e desta vez, ela estava usando óculos, sem lentes, apenas para parecer
inteligente, como Alice pôde perceber, e analisando alguns papeis, ela parecia
preocupada com alguma coisa.
- Vossa majestade... – Falou
Yellenia.
- Ah sim, vocês estão ai –
Disse ela, percebendo a presença das duas – Yellenia, tudo bem, seu trabalho
acaba por aqui, desejo falar a sós com Alice.
- Como quiser vossa
majestade – E retirou-se do local.
- E então, porque mandou me
chamar assim tão urgentemente? – Perguntou-lhe Alice.
- Como você bem sabe –
Começou – estamos a ponto de uma guerra contra “Deus sabe quantas” raças, então
precisamos da maior ajuda possível que conseguirmos.
- Sim, disso eu já sei –
Disse ela – Só não sei o que exatamente eu tenho a ver com isso, e além do
mais, por que de tanta demora em finalizar o meu caso?
- Alice, você não entende?
–Disse ela - Não é apenas uma questão entre membros do mundo sombrio, você sabe
muito bem que seu mundo é o objetivo
principal dessa guerra.
- Tudo bem – Concordou Alice
– O que exatamente eu tenho que fazer?
- É bem simples – Falou a
rainha – Você precisa apenas fazer uma... Visita a Peter Edwin, ele é um mago,
e tenho em mente que essa raça pode ser uma das nossas melhores aliadas na
guerra. Se quiser pode levar Gollvaethor, já que vocês dois andam tão
próximos...
- Mas... Eu ainda não
entendo – Falou Alice – Por que eu? Eu nem sou uma de vocês, eu sou só uma
humana normal e sem graça. Eu não tenho nenhum poder mágico, eu não sei
lutar... Eu nem sequer sei exatamente quem eu sou.
- Alice – Disse ela,
colocando uma de suas mãos sobre o ombro da garota – Eu estou certa de que a
partir de agora tudo irá se esclarecer, tanto pra mim quanto pra você.
- Tudo bem – Disse um pouco
confusa – Se você não se incomodar, acho que vou dormir, tive um dia bem
cansativo hoje.
- Acorde bem cedo amanhã –
Falou a rainha – É um longo caminho até lá.
Ela não respondeu, foi direto para o
quarto, tomou um banho, e despencou na cama. Na manhã seguinte, foi acordada
por olhos dourados, que olhavam fixamente para ela.
- Go... Go... Gollvaethor? –
Assustou-se, ao vê-lo tão perto de si, e afastando-o– O que você está fazendo
aqui?
- Bom dia docinho! – Disse
ele – Você não acordava, então resolvi esperar aqui.
- Quem disse que já pode ir
me chamando de docinho?
- Desculpa, só estava
tentando ser gentil – Disse ele – Então, é melhor você se trocar logo, Naeret,
Griss, Kaléc, Octavius e Meliorn estão esperando lá fora.
- Ei! – Exclamou – Quem
disse que podia chamar todas essas pessoas! A rainha chamou apenas eu e você.
- Entendi... Você quer que
seja apenas você e eu – Falou
Gollvaethor, pensativo- Tudo bem, vou dizer pra eles que podem ir pra casa.
- Não! – Falou Alice – Eles
podem ir sim.
- Você é confusa ás vezes –
Disse ele – Gosto disso.
- Tudo bem – Disse ela,
espreguiçando-se – Agora saia daqui para que eu possa me trocar.
Então se vestiu rapidamente, e desceu as
escadas em direção á parte exterior do castelo, onde todos estavam á sua
espera.
-
Alice! – Falou Kaléc – Bom ver você...
Ela não queria falar com ele, pois ainda
não havia se esquecido do que se passara na festa, e decidiu que não iria
deixar por isso mesmo, iria ignorá-lo até não poder mais, foi isso que fez.
-
Que bom que vamos ver Peter! – Tagarelava Octavius – Faz muito tempo desde a
ultima vez que o vi.
-
Vou aproveitar pra recarregar meu suprimento de ervas! – Acompanhava Meliorn.
- Estão
levando armas? – Perguntou Griss – O caminho até lá é longo, podemos encontrar
algumas adversidades.
-
Sim Griss, estamos preparados para qualquer tipo de situação – Falou
Gollvaethor, impaciente – É melhor irmos logo pessoal, ou não chegaremos lá.
-
Mas por que é tão longe? – Quis saber Alice – Onde fica?
-
Ali – Falou Naeret, apontando para uma das ilhas flutuantes ao longe.
-
Agora chega de papo – Falou Kaléc – E vamos logo.
Então partiram, em direção á ilha
flutuante, o que Alice não sabia, era que chegar lá não iria ser tão fácil
quanto ela pensava. Já era em torno de meio dia, e Alice já sentia seu estômago
se revirar de tanta fome, eles estavam em um vale, com grama tão verde que se
equiparava aos cabelos dos gêmeos Octávius e Meliorn.
-
Pessoal! – Falou Alice – Não sei vocês, mas eu estou morrendo de fome!
-
Vamos fazer um piquenique – Falou Naeret – Eu fiz várias coisas para comermos.
-
Amorzinho, eu adoro sua comida – Disse Griss – Mas devíamos continuar andando.
- Griss,
elas estão com fome – Falou Gollvaethor – Devemos parar e fazer um piquenique.
-
Tudo bem, chefe – Resmungou.
Naeret colocou as cestas de comida no chão,
e então, todos se sentaram em meio á grama para que pudessem comer. A refeição
foi verdadeiramente muito agradável, Pensou Alice, e parecia até comum a ela
que já havia comido pizza no almoço diversas vezes em seu mundo. Kaléc ofereceu
a ela uma caixinha de suco de maçã, e ela, obviamente, ignorou-o, fazendo de
conta que nem havia escutado.
-
Gollvaethor, pode pegar um pouco de suco de maçã pra mim? – Perguntou-lhe
Alice.
-
Claro que sim! – Disse ele, pegando a caixinha de suco.
-
Alice – Falou Naeret – Você e Kaléc estão um pouco esquisitos um com o outro
ultimamente, aconteceu alguma coisa entre vocês dois?
- É
mesmo – Falou Meliorn – Você está meio que o evitando ultimamente.
-
Não gente, vocês não estão entendendo – Falou Alice, tentando inventar alguma
desculpa para a situação – O que aconteceu é que a gente... É...
- Eu
a beijei, e Gollvaethor acabou vendo, foi isso que aconteceu – Disse-lhes
Kaléc, na maior cara dura.
- Á M-E-U
D-E-U-S! – Exclamou Naeret, com o rosto entre as mãos.
-
Pronto – Disse Griss – Agora ela vai espalhar para Venore inteira!
-
Por favor, Naeret, não faça isso – Falou Alice – Ele já teve o que merece.
- E
como – Disse ele – Ainda consigo sentir sua mão no meu rosto.
-
Que romântico! – Disse Naeret.
-
Amor, acho que ele não quis dizer bem isso... – Disse Griss
-
Foi um tapa daqueles! – Exclamou Kaléc.
-
Agora eu entendi – Falou Octávius – Kaléc beijou Alice, mas Gollvaethor viu os
dois, e como ele gosta dela, saiu imediatamente do lugar, e ela, quando
percebeu o que havia acontecido, ficou com tanta raiva de Kaléc, que chegou a
batê-lo no rosto. Acho que foi isso que aconteceu.
- Você
fala pouco Octávius – Disse Gollvaethor, com as bochechas rubras – Mas quando
fala, provoca o maior estrago possível, não é?
-
Bem que ele está falando a verdade, Gollvaethor – Falou Naeret, com cara de
quem estava se divertindo com a situação – Está rolando um clima entre vocês
dois, eu venho percebendo isso á muito tempo.
-
Tipo... Nada a ver! – Exclamou Alice – Somos apenas amigos, e além do mais,
relações entre elfos e humanos são terminantemente proibidas, então...
- Então... – Interrompeu-a Naeret – Você está
profundamente apaixonada pelo meu irmãozinho – Apertou as bochechas do garoto –
E não admite apenas por causa dos diversos problemas que você encontraria se
fizesse isso.
- Vamos pessoal? – Falou Gollvaethor, que já
havia começado a irritar-se com tudo aquilo – Chega de papo, e vamos continuar
a andar, a menos que queiram chegar lá ano que vem.
Todos concordaram, então, recolheram as
coisas, e continuaram a andar. Por todo o caminho que percorriam, Alice pôde
observar todas as maravilhas do mundo sombrio, foi então que percebeu que ele
não era tão sombrio assim, havia criaturas muito além da sua imaginação naquele
lugar, havia lugares muito além da sua imaginação. Ela percebeu também, que não
sentia mais falta de seu mundo como sentia antes, e pela primeira vez sentiu
como se realmente pertencesse a um lugar, um lugar que nem ela mesma conseguia
descrever, com pessoas que ela não conseguia descrever, e que eram muito
diferentes do que ela era, do que ela conhecia. Era tudo tão familiar a ela,
que até chegou a se perguntar se já havia estado naquele lugar antes, mas não
pôde obter resposta, pois seus pensamentos foram interrompidos por um grupo de
pequenos homenzinhos robustos que carregavam machados e lanças, e esbravejavam
para que se identificassem, pois estavam invadindo seus territórios.
-
Oque fazem aqui?- Falou o que tinha barba e cabelos ruivos.
-
Falem logo ou arrancaremos suas cabeças fora! – Disse outro.
-
Anões... – Falou Gollvaethor – Sempre tão estressadinhos!
- Estamos esperando uma resposta! – Falou o
ruivo.
-
Acalmem-se senhores – Pronunciou-se Kaléc – Estamos apenas de passagem, pois
estamos nos dirigindo até a residência do excelentíssimo senhor Peter Edwin, o
mago, para que ele possa nos ceder alguma ajuda, para a guerra que os senhores
certamente estão cientes que travaremos em breve. Mas como os senhores também
puderam notar o sol já está se pondo, e nós obviamente procuramos um local para
que possamos recostar nossas cabeças, e pensamos que sua vila seria um ótimo
local para fazê-lo. – Foi então que Alice percebeu que estavam diante de uma
pequena vila, com pequenas casinhas de madeira.
-
Belas palavras – Falou Gollvaethor, dirigindo-se a Alice – O que achou?
-
Muito repetitivo.
- É
verdade, também acho.
-
Parem de cochichar! – Esbravejou um dos anões, esse tinha cabelos negros, e a
barba se dividia em duas tranças – Bom, se for só por uma noite... – Agora seu
tom de voz era surpreendentemente calmo – Acho que podem ficar sim.
-
Ori! – Esbravejou o ruivo – Não pode estar falando sério? Vai mesmo deixar
esses elfos ficarem aqui – Alice percebeu que eles ainda não haviam notado sua
presença, e se escondeu entre outros para que isso não pudesse acontecer.
-
Sim, eles vão ficar – Afirmou o anão da barba trançada, que agora tinha nome –
E além do mais, nós também precisamos de aliados.
-
Epa! Como assim? – Exclamou Gollvaethor, que só agora parecia estar prestando
atenção na conversa.
-
Eles também declararam guerra contra nós – Disse ele – Se fossem só os
vampiros, tudo bem, até que não seria um grande problema, mas parece que ele
contará com a ajuda de Orcs, Elfos Negros, Trolls, e alguns gigantes do norte
também.
-
Parece que por enquanto estamos em desvantagem – Comentou Griss.
-
Totalmente – Falou Meliorn.
-
Então, se vocês quiserem podemos entrar e conversar mais sobre isso – Falou o
anão – O que acham?
-
Por mim tudo bem – Falou Kaléc, esperando a aprovação dos outros, o que
aconteceu logo em seguida – Vamos entrar.
E então foram até uma das casinhas de
madeira, essa em particular, era maior um pouco que as outras. Dentro da casa,
havia uma enorme mesa de mogno, e várias cabeças de alce e de outros animais
penduradas nas paredes. Uma mulher, que Ori apresentou-lhes como sua esposa
recepcionou-os ao entrarem, e perguntou se queriam alguma coisa, eles
responderam que não, exceto Kaléc, que pediu um pouco de água. E só então,
começaram a conversar e a programar estratégias de batalha, já que todos haviam
concordado na aliança, e Griss havia mandado uma mensagem de fogo para a
rainha, a mesma, respondeu após alguns instantes. Alice por sua vez, aceitou o
pedido de Marta, a mulher de Ori, e foi até a cozinha tomar chá e conversar com
ela, enquanto a mesma preparada biscoito (Mais uma coisa que Alice pôde
perceber: As criaturas do mundo sombrio adoravam biscoitos!).
- E
então, como veio parar aqui? Quer dizer... É terminantemente proibido humanos
no mundo sombrio, o que aconteceu? Achou algum portal por ai?
-Caso
de sequestro por vampiros... - Disse ela.
-Entendo.
você me lembra da pequena Alice, ela esteve aqui há muito tempo atrás, mas
infelizmente, fiquei sabendo o triste fim que teve em seu mundo.
- Minha
xará – Falou Alice – Sabe, fico feliz por tudo isso existir mesmo, às vezes eu
até chego a pensar que o Phantom tem razão, por que, sinceramente, eu não sei o
porquê de esconder todo esse mundo maravilhoso dos humanos.
-
Neste mundo há coisas mais sombrias do que sua imaginação humana pode alcançar.
- Já
fui informada.
A conversa durou apenas isso, e Alice ficou
á observar Marta fazendo os biscoitos, e depois que ficaram prontos, teve que
admitir, aqueles biscoitos iam contra tudo que ela já havia experimentado. O
sabor insano de gotas de chocolate e castanhas deixava Naeret envergonhada por
seus simples biscoitos de chocolate e morango, um sabor tão comum quanto os
próprios biscoitos, mas aqueles certamente tinham um toque especial.
Já passavam das duas da manhã quando
finalmente foram dormir. Naeret e Alice em um dos quartos, que por sinal era
bastante espaçoso, e Griss, Gollvaethor, Kaléc, Octávius, e Meliorn amontoados
em outro, que mais parecia um cubículo.
Na manhã seguinte, acordaram antes que Marta
pudesse servir o café da manhã, e depois que o fizeram, bateram em retirada,
pois ainda havia muito caminho a percorrer até chegarem ao seu destino.
Capitulo
7- A cidade dos magos
Já
passavam das duas da tarde, quando puderam avistar a cidade dos magos, onde
Peter Edwin morava. Alice mal podia acreditar que finalmente haviam chegado,
depois de quase dois dias inteiros viajando a pé (o que ela sinceramente nunca
havia pensado na possibilidade de acontecer em seu mundo) ela já se questionava
se iriam mesmo chegar, ou se realmente sabiam onde estavam indo. Quando
adentraram a cidade, Alice pôde perceber que esta não diferenciava em muita
coisa de Venore, a única coisa que ela pôde notar, é que aquele lugar em si, e
as pessoas que lá habitavam, pareciam... Digamos... Mais humanas, se ela não
soubesse que eram magos, certamente os associaria aos humanos. A única coisa
que eles diferenciavam dos humanos que ela conhecia, eram os olhos, não olhos
profundos e sombrios como os dos elfos, mas olhos cheios de vida e cor.
O
primeiro lugar em que foram foi um estabelecimento com uma placa de neon (o que
Alice também achou uma coisa improvável para um lugar como aquele) que dizia: “
Empório das Armas. Espadas, varinhas, e o melhor em material para feitiços”.
-
Oque exatamente vamos fazer aqui? – Quis saber Alice – Não sabia que Peter
tinha uma loja.
- E
ele não tem – Disse Kaléc – Estamos aqui para saber onde podemos encontra-lo.
-
Que ótimo – Disse ela – Em uma cidade desconhecida, com pessoas desconhecidas,
procurando por outra pessoa desconhecida, e ainda mais de endereço
desconhecido, uma ótima situação a que me encontro.
Quando entraram na loja, foram
recepcionados por um homem robusto, com menos de um metro e sessenta de altura,
e de aparência rija. Perguntou o que eles queriam, e Gollvaethor disse-lhe que
estavam a procura de Peter Edwin, o mago chefe da região.
- Peter?
Não o vejo á dias. Além do mais, ele nem compareceu na reunião semanal de
magos, como nosso líder não poderia deixar de fazê-lo – Disse ele, com ar de
preocupação – Mas, uma ajuda sempre é bem vinda.
Então, começou a mexer em alguns papeis, e
quando achou o que procurava, fez o favor de entrega-lo a Gollvaethor, e dizer:
- Está
aqui, este é o endereço do Peter. E se o encontrarem, digam a ele que todos nós
estamos bastante preocupados.
Gollvaethor assentiu, e dirigiu-se até a
porta, fazendo sinal para que os outros o acompanhassem. Andaram, andaram, e
andaram, e quando finalmente acharam a casa do mago, deram três batidas na
porta, mas nada se pôde ouvir em troca, e então bateram novamente, e mais uma
vez, nada.
- Tudo
bem pessoal, ele deve estar viajando, ou dormindo, ou talvez foi ao
supermercado – Disse Griss – Deveríamos voltar outro dia.
- Nanananão!
- Disse Alice, com a mesma expressão que a rainha Meliamne faria – Vocês não me
fizeram caminhar até aqui pra nada, então nem que tenhamos que invadir a casa,
mas nós vamos entrar.
- Tudo
bem, vamos pular – Disse Gollvaethor, notando que o muro não era tão alto
assim.
- Eu
não vou pular! - Exclamou Naeret.
- Vai
sim – Falou Gollvaethor – Ou terei que lança-la até o outro lado, e garanto que
a aterrissagem não seria nem um pouco confortável.
Então pularam o muro, e Alice notou que
Gollvaethor estava certo, o muro não era tão alto assim, ela mesma pôde saltar
sem que os outros a ajudassem. Mas ao adentrarem a casa, o que puderam ver, não
foi nada receptivo, o mau cheiro que emanava do lugar foi complementado pelas
paredes manchadas do que parecia ser sangue. Vasculharam por toda a casa, e no
quarto do mago, o encontraram, um corpo sem vida, já em estado final de
decomposição, e o pior, com a cabeça decepada, que pendia do corpo como um
boneco que outrora pertencera a uma criança malvada, e devido aos maus cuidados
veio a separar-se do corpo.
Alice ficou horrorizada com aquilo, e
percebeu que todos ali pareciam compartilhar da mesma expressão de pavor. Então
ficaram ali, imóveis, observando o corpo que já havia passado de seu ultimo
suspiro de vida, e já estava desaparecendo com o tempo, mas não como os corpos
humanos em decomposição que já havia presenciado nos vários filmes de terror
que gostava de assistir, mas era como se fosse se dispersando como névoa, como
se houvesse existido ali algum tipo de feitiço muito poderoso, o que de fato
havia. Gollvaethor lhe explicou que ele poderia ter sido morto há pouco tempo,
mas que existiam magos, que eram conhecedores das sete magias proibidas, uma
delas, era a que supostamente havia ocorrido ali.
-
Pelo cheiro repulsivo de fumaça e podridão – disse ele – certamente deve ter
ocorrido algum ritual demoníaco aqui.
- O
corpo está envolto em bruma do desaparecimento – Explicou Naeret – Por isso
mesmo que ele tenha sido morto há pouco tempo, o feitiço faz com que desapareça
rapidamente, e sem deixar qualquer tipo de vestígio.
-
Mas eu não consigo entender – Disse Alice – Ele é o mago superior, o líder dos
magos, ou seja lá como se chama, mesmo que eles tenham sentido a falta dele,
por que deixaram por isso mesmo e não verificaram o lugar mais óbvio que ele
poderia estar que é a sua casa?
- Os
magos têm várias regras Alice – Disse Kaléc – Uma delas, é que nenhum mago pode
entrar na casa de outro da mesma raça sem ser convidado. Cada mago tem seus
segredos e particularidades, isso é natural pra eles.
- O
que eu não entendo mesmo é quem poderia ter feito algo assim – Falou Octávius,
com olhar distante, certamente lembrando-se do amigo.
- Peter
é o líder aqui - Tentou explicar Gollvaethor, antes que as lágrimas de Octávius
começassem a cair – Muitos o admiram e respeitam, mas também há muitos que o
invejam por seu poder e certamente por sua superioridade no conselho de magos.
-
Isso me faz lembrar... – Falou Naeret – Teremos que reportar ao conselho de
magos.
-
Nossa parceria já era – Disse Griss
-
Nisso você está completamente errado – Falou Gollvaethor – A morte de Peter não
encobre o fato de que eles precisam da nossa ajuda, e principalmente agora que
perderam um de seus magos mais experientes.
Certamente firmarão uma parceria.
E então, decidiram que deveriam ir
imediatamente até o conselho e reportar o que estava acontecendo, para isso,
usaram magia de teleporte, a fim de chegarem mais rápido ao local desejado. Chegando
ao local onde o conselho ocasionalmente se reunia, foram informados por uma
senhora aparentemente de idade e que vestia uma capa preta de cetim de que a
próxima sessão ocorreria dentro de trinta minutos, e se quisessem poderiam
adentrar a sala.
Adentrando o local, não puderam deixar de
notar os olhares pretenciosos que se lançavam sobre eles, como se repudiassem
sua mera presença, Alice não podia entender oque provocava essa reação nos
mesmos, pois como o próprio Gollvaethor lhe havia explicado, os magos eram seus
maiores aliados em mais de trinta anos, mas mesmo assim, sentou-se acompanhada
de seus recém-descobertos amigos elfos em uma fileira de cadeiras que se
encontrava em uma parte isolada da sala, Griss explicou que era o local
dedicado a não magos. Depois de um tempo de espera, foi anunciado que a reunião
finalmente se iniciaria, e a mesma senhora simpática de antes entrou na sala,
exalando superioridade, e se dirigiu a um púpito, onde todos podiam vê-la e
escuta-la perfeitamente, e finalmente se pronunciou:
- Olá
meus caros magos e... – Olhou para os elfos – e visitantes. Gostaria de iniciar
a reunião de hoje fazendo o juramento dos magos – e começou, um longo e
cansativo discurso sobre a missão que os magos tem na terra, o poder que foi
dado a eles, que na opinião de Alice eram desnecessária, afinal, se tinham
nascido magos já sabiam de tudo aquilo – Muito bem – se pronunciou novamente –
Agora, gostaria de ouvir o que nossos visitantes tem a dizer, e qual o motivo
pelo qual estão aqui. Gostaria de vir até aqui? – Perguntou para Gollvaethor, o
mesmo, levantou-se, e foi até onde a senhora estava.
-
Então, primeiramente, minhas saudações a todos os presentes, gostaria de
avisar-lhes, que o assunto do qual viemos falar, é algo que os deixará em
choque, então é melhor se prepararem para ouvir.
-
Tudo bem, seja objetivo – falou a senhora.
-
Ok, vou começar – e então começou a falar tudo que havia ocorrido, oque ouviram
os Orcs falando, a aliança que queriam para que vencessem a batalha, e
finalmente, a morte de Peter – Não sei como isso pode ter ocorrido, mas sei que
Peter é uma pessoa bastante influente entre os seus, o que pode ter gerado
inveja ou descontentamento em alguns.
- E
como vamos saber se não foram vocês elfos que forjaram a morte de Peter apenas
para que cooperemos em suas próprias batalhas? – Questionou um homem de cabelos
azuis e olhos como os de um gato, tinha uma cicatriz que se estendia por todo o
lado esquerdo do rosto.
- E
que beneficio poderíamos ter em sua morte? Já que Peter costumava ser seu líder,
precisaríamos mais do que nunca de sua ajuda – Falou Gollvaethor – Além do
mais, o que farão sem seu líder? Certamente terão que se aliar a Phantom ou seu
reino já era, e você sabe muito bem quais as intenções dele.
-
Talvez se aliar a Phantom seja a melhor idéia – Disse o homem.
- Amnom!
– Exclamou a velha senhora – Nunca, jamais, se juntaríamos ao Phantom, deve
entender que isso não é uma simples batalha entre reinos, e sim o bem contra o
mal.
-
Então, posso contar com a sua ajuda? – Perguntou Gollvaethor.
-
Creio que sim garoto de orelhas pontudas, esperaremos o seu contato, e assim
que pudermos juntaremos as tropas para a batalha! Todos de acordo?
-
Sim! – Fez-se um coro que ecoou por toda a sala, só não se pôde ouvir nada
saindo da boca de Amnom.
Capitulo
8 – O que eu realmente sou?
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